domingo, 29 de março de 2009


terça-feira, 24 de março de 2009

quinta-feira, 19 de março de 2009

B b

De cantilenas e olhos que apenas olham para o centro de si mesmos.
Dos passeios e monólogos e toda a massa cinzenta que lhes habita o coração.

Maiúsculo
- que me esmaga, do topo da sua montanha gélida onde procura planícies de luz.

minúsculo
- que me ondula. A colecção de que fujo, tentanto espreitar pela fechadura.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Como o antepassado milenar, duvido por não ver.

Há todo um sistema que fui descobrindo/criando/fixando para responder a comos e porquês. E que agora vacila. Porque uma ascensão - de acordo com os pilares - implicaria pôr os pés nas águas, na esperança de conseguir andar sobre elas. Aquilo que sinto ser verdade pede-me que seja temerária. Pior: livre. Dos pesos que fui acorrentando por não encontrar alternativa melhor.

Tens de te descalçar para que os teus pés fiquem livres para caminhar sobre as águas. E quem me garante sucesso senão uma crença que sempre soube não me dar garantias?

E é neste medo e neste impasse, que ouço vozes - bem reais e muito escutadas - que não se afundaram após remover os sapatos

(a minha crença diz que há sinais)

Duvido por não ver - não vejo por ter medo de tentar abrir os olhos.

domingo, 15 de março de 2009

«Na história da evolução imperou mais a colaboração entre as espécies do que a competição desapiedada pela sobrevivência.»

sábado, 14 de março de 2009

Tenho tendência a fugir de pessoas que são muito simpáticas para mim.

Nunca consigo acreditar nelas.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Com as pontas dos dedos tomadas de anseio percorro estradas e linhas imaginárias atenta aos pormenores que me poderão guiar o caminho. Perco-me em perguntas sobre as cores deste entardecer, deste ocaso que se despenha sem aviso, sobre as texturas deste trepidar suave do asfalto que me deixa indecisa. Gostava de tirar esta venda dos olhos, mas é quando os olhos se abrem que as pontes caem e eu preciso destas pontes. Preciso destas pontes para identificar o som dos teus dedos a aproximarem-se, a subtileza do ritmo de todas as coisas que queres de mim. Preciso destas pontes para saber identificar que é um coágulo que me impede de avançar desta vez, uma massa teimosa que me nega o oxigénio e a invisibilidade. Desejo continuar por estes (per)cursos que só existem na minha cabeça pois não os consigo ver mas sou obrigada a levar as mãos aos joelhos, forçar-me a levantar, contornar este obstáculo. Naufraguei numa teia de proporções quânticas, emarinhada e enredada sem obedecer a leis. Tenho de seguir por um qualquer atalho previsível e repetitivo, enfadar-me, bocejar, olhar para o relógio e contar os dias extra e intermináveis no calendário, a marchar sem irreverência. Sei que é apenas uma qualquer birra, tão antiga como o meu nome, que me impede de observar o padrão dos meus dedos entrelaçados e desatar os nós. Não acabaria por se revelar mais simples, tudo somado? Mas olho em volta de visão amordaçada, respiro fundo e sorrio. Há um secreto e inominável esplendor em toda esta entropia plácida, imóvel, que se acumula e alimenta a si própria como uma avalanche. Há um prazer irrevogável em bater o pé em contrariedade, ignorar triunfantemente o desafio que me apresentas, encher a boca de neve e deixar de esbracejar. Um dia os meus dedos poderão percorrer o filão de partículas indivisíveis em memórias que constituem a tua pele e será indiferente ter os olhos abertos ou fechados. Mas para já prefiro deixar as linhas rectas de lado, embrenhar-me na neblina de fim de tarde de que ninguém fala e abandonar-nos ao caos do esquecimento.