domingo, 28 de junho de 2009

O sentimento de perfeição serena não a abandonara com o afastamento, ao contrário do que calculara. Se fosse possível até se intensificara. Mas apercebeu-se que deixara passar mais uma oportunidade única, daquelas que demoram anos para aparecer. Quais eram as hipóteses, e quando de novo as circunstâncias se conjugariam como se tinham conjugado ali? Por momentos pensou se a sua decisão de se ir embora não teria sido mesmo uma forma inconsciente, mas deveras intencional, de intensificar aquela percepção de certeza e harmonia cósmicas, de cristalizar a pureza de tudo fazer sentido. Mas rejeitou esse pensamento instintavemente ao sabê-lo errado. E sabia-lo errado porque tinha uma vontade enorme de se virar e de se saber seguida... Lutou um pouco com a ideia, com o medo do ridículo, antes de espreitar cautelosa e discretamente por cima do ombro. Ninguém a seguia.

quarta-feira, 10 de junho de 2009