domingo, 1 de agosto de 2010

[...]
Parece que nos quer devorar… comentei.
Desligaste a lanterna bruscamente e fitaste-me em silêncio.
Então?
Aguentei o teu olhar antes de ceder e afastar-me do poço em passo lento e cabisbaixo.
Não faço a mínima ideia do que significam, respondi de muito longe.
Nada disto? e voltaste a abrir os braços como se toda aquela tarde insólita pudesse caber no abraço que lhe quisesses dar.
Estavas a ficar tão pequeno…
Sabes, ouvi-te da tua distância, às vezes, quando uma pessoa não quer muito ser encontrada…
Tenho tantas saudades dele… murmurei para mim esperando conter a mágoa sob a pele cicatrizada à força dos muitos quilómetros já caminhados. Quase ansiava pelo confronto, mas as forças vacilavam-me, os cortes insistiam em abrir. Levei o polegar à boca para estancar o sangue.
O quê? coxeaste tu atrás de mim, contemplando não sem alguma estranheza o meu gesto infantil. Sabes, às vezes temos de saber quando parar. E paraste, levemente ofegante. Era isso que dizia a mensagem, não era? Eram as coordenadas para irmos para casa… [...]