sábado, 15 de agosto de 2009
[...] Sentia todo aquele electromagnetismo a exercer pressão sobre ela, a abrir linhas imperceptíveis sob o chão que pisava, tantas que se poderia perfeitamente perder ali, num mundo subterrâneo repleto de hieróglifos donde nunca mais teria de regressar – e onde nunca mais teria de se debilitar a pensar em todas as formas e em todas as circunstâncias de autopreservação. O abstracto infinito de efabulações e respostas àquelas perguntas era uma rede de túneis mal iluminados que permitiam o esquecimento, que lhe concediam tréguas. Mas estaria mesmo à procura de uma oportunidade de baixar as armas? [...]
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domingo, 9 de agosto de 2009
[...] Eles haviam mudado, aquilo de que precisavam havia mudado, tinham ido em direcções diferentes à procura do que precisavam, tinham-se afastado, e parecera uma solução tão boa para as mossas incandescentes que se acomodavam debaixo dos ossos. Deixaram de ter as mesmas metas futuras, os mesmos consolos diários. Céus, provavelmente nem tinham as mesmas memórias de todos aqueles anos em que se conheceram, as mesmas… referências ao longo do percurso. E teriam de ir caminhando armados de detectores de metais a olhar para o chão, no mais obsceno silêncio cismado, numa caça ao tesouro ingrata pois nunca iriam concordar com o sítio onde ficara o momento, as palavras certas, a cumplicidade enterrada. [...]
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