sexta-feira, 18 de novembro de 2011
O meu olhar fantasioso consegue ver um caminho a ser preparado. Nós e eu e tu a sermos preparados um para o outro.
Eu fico estendida no sofá com um livro que nunca acabo, levantando-me de vez em quando para ajudar vizinhos que batem à porta a pedir uma chávena de açúcar. Tu percorres armários e gavetas e o sótão e vais separando aquilo com que queres ficar do que vais deitar fora ou dar aos pobres.
O meu olhar fantasioso consegue ver dois caminhos que se vão cruzar lá mais à frente, quando a estrada estiver limpa. Quando sairmos de casa só para passear, sem querermos ir a lugar algum.
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segunda-feira, 11 de abril de 2011
A farmacêutica repuxou a sobrancelha e levou a mão ao cabelo pintado:
- Não, minha senhora, ainda não recebemos thrombocid para a alma.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
So she's real
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domingo, 27 de março de 2011
Am I making you uncomfortable
No, not uncomfortable
.
You’re not making me uncomfortable
…
You’re always trying to make me feel comfortable…
So I talk about movies and I talk about songs and pretend I don’t feel my tongue burn every night I talk about movies and I talk about songs and hope you won’t notice
I’m not like that
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domingo, 13 de março de 2011
Me, the ever restless twins
Fast as wings in Hermes’ heels
You, Apollo’s racing car
Know what is a cinnabar.
From chemistry to alchemy
Astrology, astronomy
An orbit of the highest
Eccentricity
Coulomb interaction
Semi-neurotic reaction
To bad grammar and bed spelling
That we both find so repelling.
You know the capital of Nepal
Civilizations and their fall
I know parts of Montreal
(We look at maps, after all)
We play around ivory keys
Mind full of colourful synesthesies
With never-ending expertise.
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terça-feira, 1 de março de 2011
Let me go
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domingo, 27 de fevereiro de 2011
[...]
Empilhou desajeitadamente a roupa sobre os ombros, abriu a porta quase zangada consigo e com os seus pensamentos, atirou tudo para cima do cesto, pousou os sacos no chão… Suspirou com as mãos apoiadas ao balcão da cozinha olhando lá para fora. A chuva continuava a cair ao mesmo ritmo. Que poderia ter para lhe dizer ao fim de todo aquele tempo… quanto tempo?... dois anos?... ao fim de dois anos?... Seria o mesmo que jantar com um estranho ou com um amigo de infância? Onde iria guardar todo o seu ressentimento e toda a sua saudade? Claro, podia limitar-se a contar tudo o que andara a fazer naqueles últimos… dois anos…, mas primeiro teria de descobrir algum interesse nisso. Era perfeitamente benigno e entediante. Ou talvez estivesse enganada. Porque se fora tudo tão desinteressante teriam de se explicar porque não se haviam permitido participar no tédio alheio. E ela teria de lhe explicar que chegara à conclusão de que eles não tinham as mesmas referências de felicidade, e que não gostava menos dele por causa disso mas não fazia sentido passarem mais tempo juntos. E pronto, o primeiro passo em falso. Daí até ao apocalipse… O que é isso, «referências de felicidade»? Daí até lhe estar a atirar que ele sofria de incontinência de vulgaridades, que a intoxicava com as coisas que não tinham nada a ver com ela, que em nada acrescentavam à sua vida e que ele próprio não passava de entulho… [...]
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